Nos momentos de desespero, boneco "ganha vida" e "consola" Bebeth.... Reprodução/TV globo |
Bicho é um alento para a personagem Bebeth
Teve
gente torcendo o nariz para um personagem inusitado no começo de “Pega-Pega”, novela das sete que
estreou na terça-feira, 06 de junho, na Globo: uma canguru animada. Confesso
que, inicialmente, pensei que fosse um coelho. A confusão se deu porque vi o
bicho caindo do carro dirigido por Borges (Danton Mello) e rolando uma
ribanceira, até ser encontrado pela adolescente fugitiva Bebeth (Valentina Herszage). Enquanto rolava pra fora da caixa, parecia um coelho... Bebeth, porém, não enxergou o bicho como ele realmente é: um boneco e, sim, como
um animal vivo que a “consolou” enquanto ela estava perdida na mata.
Mesmo
quando o dono do boneco apareceu, Bebeth continuou tratando do caso como se o
bicho estivesse vivo e, quando ela está sozinha com o animal em cena, nós o
vemos ganhando vida.
Apenas Bebeth vê a canguru "viva". Para os demais personagens, não passa de um boneco Reprodução/TV Globo |
Algumas
pessoas criticaram a “infantilidade” da cena, mas eu prefiro acreditar em um
outro objetivo da autora Cláudia Souto: Bebeth é órfã de mãe, não consegue se
entender com o pai e tem apenas 15 anos. Logo, ela está vivendo a fase em que
infância e vida adulta se colidem, coexistem na mente e no corpo e deixam a
pessoa, muitas vezes confusas. Se tal confusão entre infância e vida adulta já
é comum em situações normais, imagina pra uma pessoa que já tem os problemas
citados acima? Convenhamos que é muita pressão psicológica, não é mesmo?
No
segundo capítulo, Eric (Mateus Solano), em uma conversa com Luiza (Camila
Queiroz) ainda começou a explicar que, após a morte da mãe, Bebeth se refugiou
a “coisas estranhas”... podemos entender isso como uma área de escape a que a
menina recorreu para superar os problemas enfrentados.
Logo,
a visão da canguru não deve ser encarada como um ponto negativo da trama e,
sim, como um recurso lúdico usado pela autora para explicar a transição pela
qual a menina está passando. Algo semelhante ao País das Maravilhas a que Alice
recorre no clássico de Lewis Carroll.
Claro
que a animação da canguru não deve se sobressair à trama principal de Bebeth –
ou do roubo do hotel, verdadeiro foco da novela – mas um pouco de fantasia
nunca fez mal a ninguém, não é mesmo?
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