quarta-feira, 7 de junho de 2017

Sobre a Canguru Animada de “Pega-Pega”...


Nos momentos de desespero, boneco "ganha vida" e "consola" Bebeth....
Reprodução/TV globo

Bicho é um alento para a personagem Bebeth
Teve gente torcendo o nariz para um personagem inusitado no começo de “Pega-Pega”, novela das sete que estreou na terça-feira, 06 de junho, na Globo: uma canguru animada. Confesso que, inicialmente, pensei que fosse um coelho. A confusão se deu porque vi o bicho caindo do carro dirigido por Borges (Danton Mello) e rolando uma ribanceira, até ser encontrado pela adolescente fugitiva Bebeth (Valentina Herszage). Enquanto rolava pra fora da caixa, parecia um coelho... Bebeth, porém, não enxergou o bicho como ele realmente é: um boneco e, sim, como um animal vivo que a “consolou” enquanto ela estava perdida na mata.
Mesmo quando o dono do boneco apareceu, Bebeth continuou tratando do caso como se o bicho estivesse vivo e, quando ela está sozinha com o animal em cena, nós o vemos ganhando vida.
Apenas Bebeth vê a canguru "viva". Para os demais personagens, não passa de um boneco
Reprodução/TV Globo
Algumas pessoas criticaram a “infantilidade” da cena, mas eu prefiro acreditar em um outro objetivo da autora Cláudia Souto: Bebeth é órfã de mãe, não consegue se entender com o pai e tem apenas 15 anos. Logo, ela está vivendo a fase em que infância e vida adulta se colidem, coexistem na mente e no corpo e deixam a pessoa, muitas vezes confusas. Se tal confusão entre infância e vida adulta já é comum em situações normais, imagina pra uma pessoa que já tem os problemas citados acima? Convenhamos que é muita pressão psicológica, não é mesmo?
No segundo capítulo, Eric (Mateus Solano), em uma conversa com Luiza (Camila Queiroz) ainda começou a explicar que, após a morte da mãe, Bebeth se refugiou a “coisas estranhas”... podemos entender isso como uma área de escape a que a menina recorreu para superar os problemas enfrentados.
Logo, a visão da canguru não deve ser encarada como um ponto negativo da trama e, sim, como um recurso lúdico usado pela autora para explicar a transição pela qual a menina está passando. Algo semelhante ao País das Maravilhas a que Alice recorre no clássico de Lewis Carroll.

Claro que a animação da canguru não deve se sobressair à trama principal de Bebeth – ou do roubo do hotel, verdadeiro foco da novela – mas um pouco de fantasia nunca fez mal a ninguém, não é mesmo?

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